ELE ESCOLHEU OS CRAVOS - MAX LUCADO



Ele merece a nossa compaixão. Quando você o vir, não ria. Não caçoe dele. Não vire as costas e dê de ombros. Apenas leve-o até o banco mais próximo e ajude-o a sentar.

Tenha pena do homem. Ele está com tanto medo, os olhos esbugalhados. É um andarilho nas ruas de Manhattan. O Tarzan andando na selva de pedra. Ele é como uma baleia encalhada, imaginando como chegou até ali e tentando descobrir a saída.
Quem é esta criatura abandonada? Este órfão de rosto pálido? Ele é — por favor, tirem seus chapéus em respeito — homem no departamento feminino. Procurando um presente.

A época pode ser a do Natal. A ocasião talvez o nascimento ou aniversário dela. Qualquer que seja o motivo, ele precisa sair do esconderijo. Deixando para trás seu hábitat familiar das lojas de artigos esportivos, praças de alimentação, os televisores enormes de tela plana nas grandes lojas, ele se aventura no desconhecido mundo do departamento feminino. Você poderá encontrá-lo facilmente, imóvel no corredor.

Se não fosse pelas marcas de suor na roupa, particularmente nas axilas, você poderia pensar tratar-se de um manequim.
Mas não é. É um homem no mundo feminino, que nunca viu tanta roupa íntima. Nos grandes supermercados, onde ele compra as suas, toda a roupa íntima já vem embalada em sacos plásticos e todas as marcas resumidas em uma só prateleira. Porém aqui ele está em flores de renda. Seu pai já o alertara sobre lugares como este.

Assim ele prossegue, mas sem saber para onde ir.

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